Resenha: Niketche | Paulina Chiziane ⁣⁣⁣| Companhia de Bolso

 




A resenha de hoje é do livro Niketche, de Paulina Chiziane, da Companhia de Bolso, Grupo Companhia das Letras.

Sinopse: Rami é uma esposa fiel e subserviente. Ela faz o que manda a tradição, mas nem assim consegue ser amada por Tony, com quem é casada há vinte anos. Certo dia, Rami descobre que o marido tem várias amantes – e filhos – por todo o Moçambique, e decide conhecê-las uma a uma. "Eu, Rami, sou a primeira-dama, a rainha mãe. [...] O nosso lar é um polígono de seis pontos. É polígamo. Um hexágono amoroso", diz. A partir desse encontro surpreendente, todas terão suas vidas completamente transformadas. De origem humilde, Paulina Chiziane foi a primeira mulher moçambicana a publicar um romance – apesar de não se considerar romancista, mas uma contadora de histórias. Em Niketche, ela mistura bom humor, consciência social e lirismo para traçar um vigoroso painel da condição feminina e da sociedade de seu país.

#ResenhaMaeLiteratura ⁣⁣⁣

"...Quero libertar a raiva de todos os anos de silêncio. Quero explodir com o vento e trazer de volta o fogo para o meu leito, hoje quero existir."⁣

Nossa protagonista e narradora é Rami, mãe e esposa de Tony. Após 20 anos descobre que o marido tem quatro outras mulheres e vários filhos. Reúne estas mulheres e de rivais, constrói relações que num primeiro momento o leitor pode não conseguir entender (e aceitar). Rami mostra que com união é possível virar o jogo e mudar a sua história.⁣

Uma trama muito interessante e diferente, que me deixou chocada, brava, inconformada, mas que também me fez rir, me deixou muito curiosa e me trouxe reflexões importantes. O livro também aborda questões de consciência social e cultural. O papel da mulher, a diferença de status (ser divorciada, viúva, a esposa, a primeira esposa...) é bem explorado pela autora.⁣
⁣⁣
Paulina foi a primeira mulher moçambicana a publicar um livro. É uma excelente contadora de histórias e é assim que ela gosta de ser apresentada. Dona de uma ótima escrita, fluida e interessante, dosa com sabedoria humor e crueldade. A aspereza de uma sociedade extremamente cruel com as mulheres, um patriarcado que aceita a poligamia, que exalta cada nascimento de menino e lamenta o da menina.⁣

Capa bonita, de Malangatana, que foi um artista plástico e poeta moçambicano. Foi mantido o português de Moçambique. A edição da Companhia de Bolso é simples e prática, só não gostei do glossário ficar no final. Eu prefiro quando vem no rodapé, pois morro de medo de abrir na última página e ler um spoiler do final :( ⁣

Fiquei impressionada com a sua história e quero ler os outros livros dela. Não foi por acaso que ganhou no ano passado, o Prêmio Camões, um dos maiores prêmios literários mundiais.⁣


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Sobre a autora
Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo (capital do país), mas não concluiu o curso. Atualmente vive e trabalha na província de Zambézia.
Ficcionista, publicou vários contos na imprensa portuguesa e moçambicana. Ganhou notoriedade e projeção em seu país ao publicar o primeiro romance moçambicano escrito por uma mulher, com o livro "Balada de Amor ao Vento" de 1990.
Criadora de enredos impecáveis, Chiziane afirma: "Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance, mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte."

📚 Niketche
Leitura #17 de 2022
Autor: Paulina Chiziane
Ano: 2021
Páginas: 296
Editora: Companhia de Bolso
Livro cedido pela Editora
Minha avaliação: 5 (de 5 estrelas)
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