Para Toda a Eternidade - #12LivrosPara2020 - Julho



Olá!
Hoje trago para vocês a resenha do livro  Para Toda a Eternidade, de Caitlin Doughty, Editora DarkSide.
Escolhi este livro para ser o livro de julho da nossa TAG #12livrospara2020. Esta TAG é uma parceria com os blog Mundinho da Hanna e Pacote Literário. Não deixe de passar nos blogs das meninas para conferirem suas postagens! Se você quiser relembrar as postagens do ano passado, clique aqui. Todo dia 12 posto a resenha de um livro que está na minha biblioteca aguardando a leitura.


Participei ano passado do lançamento deste livro e desde então estou ensaiando sua leitura, por isso o escolhi para este mês, no nosso #12livrospara2020. Foi uma ótima escolha, por dois motivos, primeiro que eu adoro os livros da nossa parceira DarkSide e também porque eu adoro este tema, MORTE.

Pode parecer tétrico, mas falar sobre morte é muito necessário. Por que a única certeza que temos na vida, que vamos um dia morrer assusta tanto? Desde que escolhi trabalhar na área da psicologia hospitalar sabia que teria que me aprofundar e estudar cada vez mais este tema. 

Caitlin trabalha como agente funerária nos EUA e é uma das pessoas que melhor fala sobre a morte hoje. Sua escrita é leve, interessante, cheia de humor, curiosidades e o principal, muito bem embasada. Ano passado lemos e discutimos no nosso Clube da Leitura em parceria com a DarkSide, o seu primeiro livro, Confissões do crematório e foi sensacional. Esta leitura não me decepcionou, aprendi muitas coisas que nem imagina existirem.


Foi uma leitura muito interessante e aprendi muito com a Caitlin mais uma vez. Os dois primeiros capítulos: Por lutos mais saudáveis e a beleza da diferença, situa o leitor neste universo tão rico, temeroso e importante. Nos mostra as diferenças culturais no preparo dos corpos, como as pessoas lidam com a morte. 

Um fato que me chama muito a atenção e me faz refletir neste momento de pandemia e que a autora reforça, é que o funeral é a despedida da família, é o lugar de segurança. O livro mostra que a dor de todos os presentes e a presença dos amigos e familiares aquece a alma e este momento hoje não é possível. Vamos ter que entender melhor como será o impacto dessa mudança, deste significado social, na nossa cultura e nos nossos sentimentos. O luto NÃO é sinônimo da dor, e a sua expressão e esta expressão sofre mudanças importantes nos dias de hoje. Fica aqui a nossa reflexão.


Engana-se quem pensa que o livro é trágico, cheio de lamentos e em tom de sofrimento. A grande sacada da Caitlin é que ela discorre sobre estes temas pesados de uma forma leve, natural e muito respeitosa e por isso seus livros são tão bons. 

Neste livro ela nos mostra sobre como culturas diferentes lidam de forma própria com seus rituais de despedida. Caitlin visita lugares com rituais e suas culturas peculiares. Vamos conhecer com ela os rituais do Colorado, da Indonésia, México, Carolina do Norte, Espanha, Japão, Bolívia e Califórnia.

Alguns como o México e seu "dia de los muertos" já me eram familiares, outros foram descobertas muito interessantes como os templos budistas japoneses e suas instalações super modernas e tecnológicas, que me encantaram. Você sabia que no Japão a taxa de cremação é de 99,9%?!

Viajando com a autora para a Bolívia, conhecemos as "ñatitas", narizes achatados ou os de narizinhos, uma infantilização adorável do crânio. Ser uma ñatita é rer poderes especiais para conecta os vivos e os mortos. Estes crânios recebem nomes, adornos e são consultados como oráculos.

Em algumas regiões da Indonésia, os corpos podem ser "guardados" em casa por um tempo indeterminado e também podem ser exumados em cerimônias com a participação da família toda. Estes corpos são novamente vestidos e arrumados e interagem com a família, sem medo, mas com respeito e naturalidade.

Em Crestone, no Colorado, as cremações são feitas ao ar livre e não acontecem em fornos crematórios. Em Los Angeles é possível um enterro natural, sem embalsamento. A autora comenta sobre funerais parses e suas torres de silêncio ou sepultamento no céu. Explica também sobre o que deseja para o seu próprio funeral:

"Desde que descobri o sepultamento no céu, eu soube o que queria para os meus restos mortais. Na minha visão, o sepultamento por animais é o jeito mais seguro, limpo e humano de descartar corpos, e oferece um novo ritual que pode nos levar mais perto das realidades da morte e de nosso verdadeiro lugar no planeta."

O livro todo traz formas diferentes dos povos lidarem com morte e despedidas dos seus entes queridos. Selecionei estes que me chamaram mais a atenção, mas não dá para te mostrar tudo aqui. A mensagem que quero te deixar é que vale a pena esta leitura, será um aprendizado singular e especial.


A capa do livro é linda e a 
edição da DarkSide é belíssima, aliás eles sempre arrasam! Capa dura,o contrate das cores é muito bonito. A lombada no tom azul claro lindo, diagramação excelente. As ilustrações fortes e significativas são do Landis Blair.
São 13 capítulos, incluindo o prefácio, agradecimentos e uma interessante lista de literatura da morte sobre cada local visitado. Um trabalho bem embasado e muito interessante.


Esta leitura me trouxe reflexões importantes. A escrita da Caitlin é ótima e o livro muito bonito. Numa edição caprichada como esta, o tema fica ainda mais leve. Aprendemos que o processo da morte pode ter diferentes interpretações e aceitações culturais próprias. Recomendo esta leitura inspiradora, diferente e importante para todos aqueles que gostam desta temática.


Para Toda a Eternidade 
Autor: Caitlin Doughty
Tradutor: Regiane Winarski
Ano: 2019
Páginas: 224 
Classificação: 5/5 estrelas
Editora: DarkSide
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Para comprar: DarkSide
Sinopse

Comentários

  1. Eu li umas resenhas em positivas sobre esse livro e eu achei interessante. Está na minha lista de desejados inclusive. Eu acho muito importante falar sobre esse tema, que todos sabemos que iremos passar, mas sempre procuramos evitar falar, como se fosse um tabu, quando na verdade, faz parte da vida... literalmente...
    Bjks!

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  2. Oi Clauo! Ainda não conhecia o livro e fiquei bem interessada, pois precisamos MESMO aprender a lidar com mais naturalidade com a morte e a ver beleza na tristeza e no luto. A nos tratar com cuidado e delicadeza em um momento tão difícil. Sua escrita me fez lembrar o que a Cris Guerra fala no livro Para Francisco, é fazer da dor algo bonito, embora não estejamos, muitas vezes, dispostos a ver. Quero muito ler. Beijos! Karla Samira

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