Resenha: O Livro de Líbero | Alfredo Nugent Setubal | Editora Intrínseca


Hoje vamos conversar sobre O Livro de Líbero, escrito por Alfredo Nugent Setubal, lançamento da Editora Intrínseca.

Uma intensa surpresa, assim foi esta leitura. Comecei sem saber exatamente o que esperar deste livro, já que não leio a sinopse antes, só sabia que era um dos lançamentos da Intrínseca e eu tive a feliz oportunidade de recebê-lo, o que me deixou satisfeita e animada. 

Alfredo é dono de uma escrita poética e bonita. Primeiro livro do autor, que começou muito bem, apresentando um texto vigoroso, triste e sensível.

É possível que um evento seja tão marcante a ponto de determinar toda a trajetória da pessoa a partir dele? Esta foi a primeira pergunta que me fiz nos primeiros capítulos deste livro.

Líbero é filho único e mora com seus pais, Massimo e Norma. Massimo é dono do jornal da cidade e Líbero trabalha por vontade própria com seu pai. Se intitula redator-repórter-editor-chefe-júnior. Além dos dois, Rubio, um rapaz misterioso que chegou na cidade e ficou por lá compõe a equipe do jornal.

O amor pelos livro vem do pai. A mãe, católica fervorosa, não aceita e não entende este amor pelos livros, nem o desejo de Libero de conhecer o mundo. 

O menino lê com entusiasmo os livros que ganha de presente do pai. Ele queria saber ler rápido, para descobrir logo os segredos de cada leitura. Um dia, sem querer, lê a última folha do livro Vinte mil léguas submarinas. Quando o pai descobre sua ação, demonstra seu desapontamento e sua frustração, lhe dizendo que foi uma pena, pois cada coisa tem seu tempo e a história perdeu a graça. Líbero não esquece esta decepção e ela terá um papel decisivo no decorrer da trama.

Moram numa pequena cidade, chamada Pausado. Um dia o Circo Bosendorf chega por lá e traz deslumbramento e muitas descobertas para este menino sabido e especial.

A trama tem algumas peculiaridades, traz dois narradores e é dividida em duas partes.

Quem narra a primeira parte é Baltazar e ela se chama o dia do circo, dia que é marcante na vida de Líbero. Baltazar é o guardião do livro de Líbero. Todas as pessoas que passavam pelo Circo "ganhavam" um livro da sua vida. Assim foi com o garoto também. Ao ter a chance incrível de "ler" sua vida antes dela acontecer o episódio do livro lhe vêm à lembrança.

Baltazar volta suas reminiscências para contextualizar este dia, o que aconteceu antes e o que poderá acontecer depois dele. O narrador relembra os fatos passados há 33 anos, enquanto aguarda a chegada do dono do livro, que vem buscá-lo definitivamente, após tanta espera e expectativas.

Disparada esta primeira parte é a minha favorita! Me manteve muito curiosa para saber o que aconteceria. Nela temos o encantamento e a ingenuidade, não só de Líbero, mas da sua família e até da pequena cidade. Há cor, vida, alegria, descobertas e muito movimento. 

A segunda parte do livro é narrada por Rubio, que trabalhava com pai e filho na redação do jornal. Chama-se a debandada. Ele narra a perda das ilusões, da desestruturação da família e da cidade. Há um ar de realismo fantástico, que me lembra Gabriel Garcia Marques nesta parte.

Ao chegar na segunda parte, é nítida a mudança de clima, de ritmo na história. As cores ficam esmaecidas, há mais solidão, menos alegria. E percebi que meu ritmo e meu humor acompanharam estas mudanças também. Achei muito interessante observar tudo isso durante a leitura.

O livro me trouxe reflexões interessantes e quero compartilhá-las com vocês. O quanto procuramos uma solução mágica? Quem escreve a sua história? Ela compete à você? Ou ao destino? Ou a outras pessoas? Vem pronta ou deve ser trabalhada continuamente? Atribuir o poder das decisões à quem? Expectativas X realidade. Tolerância à frustrações.

Senti tristeza pela solidão deles, pelas oportunidades perdidas. Por tudo que poderia ter sido e não foi...

Adorei a capa e a contracapa. Uma edição linda da Intrínseca, ótima diagramação e revisão perfeita. Este foi o primeiro livro nacional a integrar Os Intrínsecos, o clube de assinatura da Editora Intrínseca.

Este é um livro ótimo para compartilhar as impressões, mais do que contá-las. Apesar da montanha russa de emoções, foi uma leitura intensa e muito interessante, gostei muito e recomendo. Leia e depois me conta o que achou, vou adorar saber.
O Livro de Líbero
Autor: Alfredo Nugent Setubal
Ano: 2020
Páginas: 256
Editora: Intrínseca
Minha avaliação: 4/5 estrelas
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Participam também do BEDA: Lunna Obdulio | Chris | Drica | Neto | Darlene Carol | Ale







Comentários

  1. OI Clau, o livro parece muito interessante mesmo. E quantas reflexões? Fiquei aqui pensando nos seus questionamentos. Acho que vou gostar de ler esse livro.
    beijos
    Chris


    Inventando com a Mamãe / Instagram  / Facebook / Pinterest

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  2. Olá Clau! Terminei o livro e concordo com todas as reflexões, creio que uma dos maiores aprendizados que tive com esse livro é que nós nunca poderemos recuperar o passado e por isso não podemos permanecer ele, enquanto tentamos estancar todas as cicatrizes acabamos abrindo mais e mais, quando entendemos que algumas das nossas cicatrizes simplesmente não podem desaparecer compreendemos que somos mais que curandeiros de traumas... Somos protagonistas fa nossa história! Sensacional, tanto a escrita quanto os detalhes do livro

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