Não encontrei o passado, tenho que voltar - #12LivrosPara2020 - Março

Olá!
Hoje trago para vocês a resenha do livro Não encontrei o passado, tenho que volta, de José Carlos Mello
, da Editora Octavo .
Escolhi este livro para ser o livro de março da nossa TAG #12livrospara2020. Esta TAG é uma parceria com os blog Mundinho da Hanna e Pacote LiterárioNão deixe de passar nos blogs das meninas para conferirem suas postagens! Se você quiser relembrar as postagens do ano passado, clique aquiTodo dia 12 posto a resenha de um livro que está na minha biblioteca aguardando a leitura.

Sinopse
“Não encontrei o passado, tive que voltar”, conta-nos a história da reviravolta na vida pacata de Archibaldo, um professor aposentado que dedicou sua vida ao estudo do teorema de Fermat. Ao ficar sabendo que seu irmão Adamastor, com quem não tinha contato há muitos anos, está morando novamente na cidade, ele resolve procurá-lo no Hotel Versailles, onde também moram outros personagens bizarros. A partir daí, Archibaldo irá se deparar com sua própria história, relembrando sua infância e a admiração que tinha pelo irmão mais velho, além da convivência difícil com seus familiares e dos anos vividos nos bancos escolares. Com uma escrita clara e fluente, José Carlos Mello nos envolve no passado e no presente de dois irmãos com personalidades muito marcantes.
Recebi este livro em casa e foi uma ótima surpresa, pois ainda não conhecia o autor, nem a editora. Me conquistou desde a capa, diferente e linda, passando pelo título e pela sinopse.
Foi uma das leituras mais surpreendentes que fiz nos últimos tempos. Eu achei a escrita do autor excelente! Uma leitura refinada, inteligente, com toques sutis de humor. Um livro muito bem escrito. Me pareceu que a construção dos personagens foi muito prazerosa para o autor.
A trama começa com um encontro muito peculiar. Archibaldo, um velho de hábitos recorrentes, numa das suas caminhadas diárias (sempre pelas mesmas ruas, nem em suas caminhadas ele ousava mudar seu percurso), encontra seu amigo, Pedro C., que faleceu há muitos anos. Archibaldo sabe que o amigo está morto e não fica assustado, nem com medo. Descobre nesta conversa que seu irmão mais velho, Adamastor, que não vê há mais de 30 anos, está morando novamente na cidade, no velho Hotel Versailles. Além de contar detalhes do irmão, explica que Adamastor apresenta uma estranha obsessão, encontrar seu passado. É acompanhando o passado do irmão, que Archibaldo encontra seu presente.

Archibaldo foi um professor de matemática que não ousou viver sua vida em toda sua plenitude. Apesar de conseguir provar o Teorema de Fermat, não ficou famoso, não buscou prestígio, nem reconhecimento. Teve uma vida simples, quase não gastava e era muito regrado. Interagia pouco com mesmos amigos, de longa data, e quase nada com seus vizinhos. A partir deste encontro com seu irmão e com os hóspedes do hotel, que é um misto de pensão e asilo, começa a transformação de Archibaldo. Ele parece acordar para vida e passa a ver o mundo em suas nuances e cores diferentes.

Ao dividir o seu tempo entre as visitas ao Hotel e as interações com sua vizinha Cecília, acompanhamos as (re)descobertas do nosso personagem principal, desde roupas novas (de gosto duvidoso) até a compra de uma cadeira confortável para relaxar e apreciar a vista do seu apartamento. Tantos os vizinhos, quanto os hóspedes do hotel Versailles, são bizarros e peculiares. As histórias vão se encontrando como num caleidoscópio girando lentamente. Archibaldo, demonstra uma curiosidade infantil e ingenuidade que despertam empatia e simpatia.
"Não tinha amigos por timidez, preguiça ou falta de assunto? Não sei. Resolvi mudar minha vida. Nunca é tarde para dar uma guinada."
Num clima nonsense, que flerta com o realismo fantástico (e eu adoro), misturando realidade com delírio ou fantasia, o autor constrói um cenário muito interessante, diferente e imaginativo.

"Senti a estranha sensação de ter ido ao passado e voltado, como se fosse um sonho ou tivesse cruzado um portal do tempo, como se vê no cinema, quando uma imensa abertura surge do nada e as pessoas colocam um pé do outro lado, depois o outro e desaparecem de onde estavam. Reaparecem voltando séculos à frente ou atrás com o mesmo aspecto que tinham quando partiram."
Voltamos ao passado dos irmãos, desde antes deles nascerem e acompanhamos seus pais. Encontros e desencontros, afetos e sentimentos contraditórios aparecem de forma sutil e muitas vezes dúbia, que podem levar a diferentes interpretações dos anseios, expectativas e destinos dos personagens. A leitura foi uma jornada intensa e instigante.
Personagens complexos, como o padre alemão e o retorno do irmão para descobrir seu passado de adotado, fizeram com que esta leitura fosse uma surpresa muito interessante. Fiquei com muita vontade de ler os outros livros deste autor.

Foi um prazer acompanhar esta trama. Uma ótima reflexão principalmente sobre a solidão e o processo de envelhecimento. Narrado em primeira pessoa por Archibaldo, o leitor acompanha a trama em diversos ritmos, em certos momentos mais calmos, em outros mais agitados, mas sempre prazerosos.

Edição caprichadíssima da Octavo. Amei a capa, ótima diagramação, páginas amarelas, letras em tamanho confortável. Quando recebi o livro, o envelope veio com a mesma ilustração da capa, adorei este cuidado com os detalhes.

Recomendo muito esta leitura inspiradora e diferente. Leiam, e me contem o que acharam, vou adorar saber. Pretendo ler também os outros livros da Octavo. Aguardem.

Sobre o autor
José Carlos Mello formou-se em engenharia civil na UFRGS, cursando em seguida o mestrado e o doutorado na COPPE/UFRJ. Trabalhou em sua profissão por mais de trinta anos, período em que publicou livros técnicos pelas editoras McGraw-Hill, Campus e outras. Em 2011, publicou Os tempos de Getúlio Vargas pela Editora TopBooks. Pela Octavo, José Carlos Mello lançou O cão de Pavlov, As dez vidas do Senhor Cardano, As desventuras de Ramón Casas e, agora, Não encontrei o passado, tenho que voltar.

Não encontrei o passado, tenho que voltar
Autor: José Carlos Mello
Ano: 2019
Páginas: 240
Editora: Octavo
Livro cedido pelo autor
Minha avaliação: 5/5 - favoritado
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Comentários

  1. Gente, que livro mais nonsense! Mas eu gostei dele! kkkk
    Bjks e até o mês que vem Clauo! =)

    Mundinho da Hanna
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  2. Clauo, achei bem puxada a fantasia presente no livro e não sei se conseguiria acompanhar a leitura. Mas adoro escrita refinada e com humor sutil como você mencionou. Fiquei curiosa para ler. Beijos! Karla Samira

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