Entrevista com o escritor Fabio Monteiro
Olá!!
Hoje é dia de entrevista aqui no blog.
Nosso convidado é o autor Fabio Monteiro.
Fabio é professor de história e escritor de livros para infância e juventude. Em 2016 foi contemplado com o Prêmio Jabuti na categoria juvenil com o livro Cartas a povos distantes (2º lugar). O livro também recebeu o selo Altamente Recomendável da FNLIJ.
Conheci o trabalho do Fabio através do seu livro O Clube dos livros esquecidos e já pela sinopse fiquei muito curiosa para ler seu livro.
Fabio aceitou nosso convite e hoje conta um pouco sobre seu trabalho e seus projetos. Vamos conferir?
Olá Fábio, por favor, apresente-se para nossos leitores.
Agradeço o convite do blog de Mãe Literatura para essa entrevista e o espaço para conversar com seus leitores.
Minha escrita perpassa pela necessidade de construir acessos as minhas memórias de criança, meu olhar crítico em relação à infância na atualidade e a construção de uma narrativa que possa convidar o leitor a pensar sobre seus dilemas e a imaginar tempos mais profícuos. Esse desafio que primeiro passa por questões que desejo remexer em meus "baús", reinicia nas mãos dos leitores convidados a complementarem minhas histórias usando suas fantasias, poesias e experiências.
Por isso, convido todos vocês a adentrarem no meu quintal e brincarem com minhas histórias.
Como surgiu a ideia de escrever o livro O Clube dos livros esquecidos? Como foi o processo de criação?
O clube dos livros esquecidos é um livro muito especial e demandou alguns desafios. O primeiro dele foi compreender quais caminhos queria seguir em relação à história e o encantamento que os livros e as leituras trazem para os leitores. Desejava contagiar o leitor com a experiência singular da leitura, mas não gostaria de construir uma moral do tipo "leia, isso é importante para sua formação!". Desejava que esse contato fosse contagiante e partisse do prazer em encontrar boas histórias, compartilhando sensações, emoções e descobertas, e isso, só foi possível quando desenhei a personalidade da Flora, personagem capaz de imaginar sem limites, preconceitos ou convenções o contato com as personagens que saltam dos livros e brincam com nossa imaginação.
Ao longo da história descobri outras possibilidades de lidar com suas construções imaginativas e conduzir o leitor numa narrativa que alguns momentos comprovam suas expectativas e em outros, joga com surpresas convidando-os a imaginar mundos diferentes do seu mundo. Essa foi minha segunda missão; desafiar o leitor a se livrar dos seus preconceitos para aceitar a condução da história por uma personagem singular e que encontra seu espaço nesse clube de leitores imaginados.
Penso que outro desafio foi encontrar alguém que pudesse narrar essa história de maneira visual. Tive o prazer dessa narrativa ser acompanhada pelas ilustrações delicadas da Elma, trazendo leveza para o leitor e possibilidade dele construir essa história para além do escrito.
Como é seu contato com os leitores?
Esse é um aspecto muito especial do meu trabalho. O ofício de escritor é muito solitário e, em minha opinião, só se completa quando o livro chega às mãos dos leitores. As histórias são incompletas sem a contribuição imaginativa desses leitores e o livro pode cair no esquecimento até encontrar alguém interessado em desvelá-lo. Quando sou convidado para dialogar com eles, constato que as histórias são maiores que minhas elaborações e tomam dimensões imaginativas em planos não imaginados por mim e constato que o livro pertence ao leitor. Gosto de escutar o que pensaram na leitura, quais as angústias e receios, suas emoções ou recusas da história.
O leitor é o recomeço de tudo e após esses encontros, tenho mais vontade de reencontrar meu silêncio para dar voz a outras histórias.
Fábio, parabéns pelo prêmio Jabuti 2016, pelo livro Cartas a povos distantes. Conte um pouco mais sobre este livro.
Cartas a povos distantes é um livro que demorei muito para escrever, acredito que por ser historiador e desejar que minha imaginação superasse meu repertório do tema. O desafio era construir uma narrativa de infâncias que se encontram em tempos delicados. Giramundo do Brasil vive num país saindo de uma ditadura militar e seu amigo numa sangrenta guerra civil, mas esse pano de fundo importante, não poderia superar o tema principal: a delicadeza dos encontros improváveis.
Por isso, esse menino que deseja conhecer o mundo, recebe uma carta que o surpreende por ser de Luanda e por um remetente desconhecido, um enigma a ser decifrado. É o começo para construção de campo de emoção desconhecido por ele, um lugar que remete ao encontro com o outro, um lugar que o remete a um encontro com suas lógicas, sentimentos e limites.
Há muito que desejava tocar nesse tema, por ser uma possibilidade em dialogar com uma geração de jovens cujo a tela do computador/celular é mais visto que os olhos de amigos, pais e irmãos, num tempo de relações voláteis, num tempo de tantas confusões ideológicas, políticas e segregações raciais e desrespeito as diferenças. Foi uma chance em pensar sobre a importância das amizades verdadeiras e como o outro é importante e deve ser apreciado e valorizado na nossa vida.
O Livro é mais especial por ter o André Neves como ilustrador, amigo de infância e grande profissional, constituído pela singularidade de sua arte e competência em transformar sentimento em imagens.
Conte sobre projetos em andamento e/ou futuros.
Tenho viajado pelo Brasil para conversar com leitores, mediadores de leitura e professores. Os próximos encontros acontecerão em abril em Porto Alegre/RS, Goiânia (GO), Anápolis (GO) e Bienal Internacional do Livro em São Paulo.
Além disso, dois livros estão em processo de produção e tenho a honra em compartilhar esses projetos com duas queridas ilustradoras brasileiras, mas, por enquanto, não posso falar mais profundamente sobre o assunto por tratar de segredo editorial(risos) Só posso dizer que estou feliz e acredito que os leitores também ficarão com as novidades!
Muito obrigada pela entrevista, Fabio! Espero conhecê-lo pessoalmente na Bienal deste ano.
Adorei saber mais sobre seus projetos. Fiquei ainda mais curiosa e quero ler todos os seus livros.
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Oi Clauo, acho super legal quando podemos dar espaço aos escritores nacionais. Ainda se tem muita a ideia de que literatura brasileira se resume aos livros que lemos na escola na disciplina de literatura e são "uó". Mesmo com tantos títulos geniais saindo a todo tempo pelas editoras e independentes, ainda precisamos divulgar mais e mais que tem escritores muito bons surgindo por aí, muitos até bem pertinho de nós... =)
ResponderExcluirCom relação ao Fabio, amei saber da profissão dele e que ele é ganhador de prêmios. Meus parabéns e muito sucesso a ele. E fico feliz em saber que ele continua produzindo livros a todo vapor. =)
Bjks!
Oi Hanna!
ExcluirSim! Concordo com você.
Volto logo com as resenhas dos livros do Fabio
Bjs
Gente, amei o nome desse livro. Me lembrou um dos livros do Zafon que li.
ResponderExcluirNão o conhecia... mas vou conhecer porque com um título desses 'O clube dos livros esquecidos', não dá para deixar passar.
bacio