Eu Li: Heimat

Olá queridos leitores!
A resenha de hoje é do livro Heimat - ponderações de uma alemã sobre sua terra e história, escrito por Nora Krug
, edição da Quadrinhos na Cia. Grupo Companhia das Letras.


Sinopse
Best-seller na Alemanha e vencedor do National Book Critics Circle na categoria autobiografia, Heimat é um romance gráfico brutalmente tocante sobre identidade, história e o significado da palavra “pertencer”. “Uma paisagem ou localidade real, imaginária ou construída, à qual uma pessoa associa uma sensação imediata de familiaridade.” Esse é o significado da palavra alemã “heimat” que neste livro se combina a uma pergunta-chave: “Como saber quem você é sem entender de onde você veio?”. Nora Krug nasceu décadas após a queda do regime nazista, mas a sombra da Segunda Guerra Mundial parecia sempre à espreita durante sua juventude. Ela, no entanto, sabia pouco sobre o envolvimento de sua família na guerra, seus pais e avós nunca falavam sobre isso. Depois de doze anos vivendo nos Estados Unidos, decidiu que precisava olhar para trás e, principalmente, fazer as perguntas que nunca tinha feito. De volta à Alemanha, Krug visitou arquivos, realizou pesquisas e entrevistou familiares, descobrindo histórias como a de seu avô materno, que foi mecânico e motorista durante a guerra, e a do irmão de seu pai, Franz-Karl, que morreu ainda adolescente quando era soldado da SS. O resultado é um livro único, que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto ao mesmo tempo que apaga as fronteiras entre diário, narrativa em quadrinhos e caderno de colagens e anotações. Enquanto Krug mergulha na hora mais escura do século XX e tenta entender o lugar de sua família nisso tudo, somos levados por um relato incisivo, perturbador, uma obra sem igual no universo das HQs.
Eu AMO graphic novel e quando soube deste lançamento da @quadrinhosnacia, @companhiadasletras, fiquei doida para ler também. Não é a toa que ela é super premiada, pois é simplesmente SENSACIONAL. Foi uma das melhores leituras, que fiz nos últimos tempos. Que livro! Leia, por favor!
Heimat conta a história de Nora e a busca pelo passado da sua família. Mostra seus questionamentos e pesquisas para entender se seus familiares tinham ligações com o partido nazista. Achei a autora muito corajosa, ela não tem medo de se despir das dúvidas e receios, bem como de contar detalhes íntimos familiares, como a desconfiança da sobre quem seria realmente seu avô, pai do seu pai. Seu pai, foi um filho gerado após a morte de irmão mais velho, que tinha exatamente o mesmo nome que ele, e que morreu aos 18 anos, combatendo na guerra, serviu na juventude hitlerista. Nora também expõe as dúvidas quanto ao envolvimento do avô materno com os nazistas, embora fique claro que ele tinha amigos e vínculos com judeus.
 Alemães, desde a guerra vivem com vergonha da tragédia devastadora e não falam muito sobre seus antepassados.
Faço também, minha mea culpa, sempre disse que não tinha muita vontade de conhecer a Alemanha, por conta do clima da segunda guerra. Fiz várias anotações e destaquei várias passagens que me chamaram a atenção durante a leitura e compartilho aqui com vocês. Pasmem, nem a goleada de 7 a 1 sobre o Brasil, foi comemorada com todo o gosto que merecia, segundo a autora.

"Ao longo de toda minha infância, a guerra esteve presente, mas não era reconhecida, como a sopeira cabeça de leão, uma relíquia da família, que ficava guardada atrás da nossa louça do dia a dia."

"Sempre que eu viajava para o exterior quando adolescente, minha culpa viajava comigo. Diga que você é holandesa, minha tia Karin falava antes de cada viagem. Eu deveria ter seguido seu conselho." 

 "...Eliminamos as palavras do alemão para HERÓI, VITÓRIA, BATALHA E ORGULHO dos nossos vocabulários...Recorremos à expressão Isso é tão tipicamente alemão para descrever um comportamento hostil ou preconceituoso de alguém..."
 No decorrer da leitura, talvez até como uma forma de dar uma respirada e uma suavizada no tema tão pesado, Nora traz recortes super interessantes, diferentes, curiosos e coloridos. Apresentados em "Do caderninho de uma emigrante com saudades de casa - coisas alemãs" e "Do álbum de recortes de uma arquivista de memórias - achados num mercado de pulgas", trazem eventos, objetos e lembranças curiosas, como o Gallseife, um sabão feito da bile de um touro, a bolsa de água quente, Uhu, a primeira resina sintética, inventada por um farmacêutico alemão. Produtos eficazes, com simbolismo importante e com valor afetivo para a autora.
O livro é sensível, corajoso, terno, engraçado, afetivo, colorido e lindo. Que projeto lindo. Nora resgata a memória da família, sua afetividade e suas conexões. A melhor graphic novel que li nos últimos tempos. AMEI! Super recomendo esta leitura inspiradora! Leia, tenho certeza que você também vai amar, como eu! Depois me conta o que achou
Heimat 
Autor: Nora Krug
Ano: 2019
Páginas: 288
Editora: Quadrinhos na Cia.
Classificação 4/5
Livro cedido pela editora
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Para comprar: Companhia das letras

Comentários

  1. Clauo, amo amo amo histórias sobre as guerras e, ao contrário de você, sonho em ir à Alemanha justamente para observar de perto e sentir por mim mesma o clima. Também achei a autora bem corajosa em buscar informações de seus antepassados e achei interessantíssimas todas as ponderações. Quero muito ler! Vai para a lista agora mesmo! Beijos!

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