Eu Li: O Diário de Myriam

Olá queridos leitores!!
A resenha de hoje é do livro O Diário de Myriam. Quando soube deste lançamento da DarkSide, eu fiquei doida para ler, tanto que adivinhem...ele mal chegou e furou a fila!

Minhas impressões
O Diário de Myriam foi escrito por uma garota síria de 13 anos, chamada Myriam Rawick. O livro contou com a organização e colaboração do repórter de guerra e escritor francês Philippe Lobjois.
Eu adoro livros com temática de guerra, ainda mais sobre histórias verídicas. Eu me emociono muito e acho que são verdadeiras lições de vida.
Comparado com o livro Diário de Anne Frank, o livro tem semelhanças óbvias, como o fato de ambos terem sido escritos por meninas em época de guerra e retratarem toda a crueldade destes grandes flagelos mundiais, mas O Diário de Myriam tem suas particularidades e personalidade própria.
Acredito que a principal diferença seja o fato de Myrian não ter ficado confinada, ela continuou vivendo com sua família, saindo às ruas, brincando com os amigos e frequentando a escola, junto com sua irmã mais nova, Joelle.  Sua família mudou de casa algumas vezes, conforme aconteciam ocupações, pelos rebeldes, dos bairros que moravam, ou quando a região era bombardeada.  O fato de frequentarem a escola, mostra a coragem e a determinação de seus pais, que viam a educação das filhas como sua principal base. Com isso Myriam e sua irmã escaparam do alto índice de analfabetismo de crianças e jovens da sua geração, que afetadas pela guerra civil, tiveram tantas dificuldades para frequentar a escola.

Durante toda a leitura, meu questionamento era entender porque a família não fugiu deste país devastado pela guerra. No decorrer da leitura compreendi que isso não era possível, pois eles não tinham para onde ir, nem condições financeiras para empreender tal projeto.

Me impressionaram as atitudes de solidariedade dos amigos e vizinhos, que sempre que possível procuravam se ajudar, compartilhando comida, gás para cozinhar e abrigo durante os ataques aéreos. Fiquei emocionada com estas passagens. Antonia, mãe de Myrian trabalhava numa organização de ajuda e Myriam participava sempre que possível destes programas de ajuda humanitária. 

O diário narra o cotidiano de Myriam e sua família, irmã e pais, na cidade de Alepo, no período entre 2011 à 2016. Ao término do livro, acreditam erroneamente que a guerra estava no seu final. Myriam relata perdas importantes, não só de pessoas, mas também da estrutura da sua casa, tendo que deixar para trás bens preciosos para uma menina da sua idade, como suas bonecas, roupas e outros objetivos de valor afetivo. 

O grande mérito do livro é o tom ingênuo e inocente que Myriam traz na sua escrita. Uma menina que foi obrigada a amadurecer mais rapidamente do que seria em tempos de paz, mas que conservou a curiosidade, o desejo de ajudar, o lúdico próprio da sua idade.

Fiquei muito tocada com a coragem da família, que não deixou de viver, que procurava momentos ínfimos de lazer, com demonstrações de afeto e mostrando a importância da família permanecer unida.

Impossível não me identificar com os pais de Myriam, principalmente com a mãe, com suas preocupações, cuidado, carinho e em muitas situações com sua impotência e frustração frente aos horrores da guerra.

Como psicóloga, me chamou a atenção as descrições que  Myriam faz dos sintomas psicossomáticos que apresenta frente aos perigos eminentes enfrentados como ataques aéreos e tiros disparados. Ela os narra com uma riqueza de detalhes que demonstram a intensidade do seu sofrimento.
Sobre o livro
A capa é linda e representa bem a mensagem do livro, gostei muito do contraste das cores. 
Diagramação perfeita da DarkSide, que sempre arrasa. Letras em tamanho confortável, páginas amarelas, sem erros. A diagramação manteve o formato de diário, com cada data começando numa página, com isso temos um livro de 320 páginas, mas fácil e rápido de ler. 

A leitura foi fluida e diria leve, apesar do tema tão difícil. Temos passagens chocantes, mas no geral o tom da escrita da Myriam não é triste, pois sua vivacidade, a sua curiosidade frente à vida, se sobressaem às passagens mais tensas. A história prendeu totalmente minha atenção, devorei o livro e não consegui largar até terminar. 

Recomendo muito, muito esta leitura inclusive para jovens e adolescentes. Acredito que o livro possa trazer uma reflexão importante, principalmente uma valorização do que temos ao nosso alcance.
O livro ganhou um site muito bacana, vale a visita! 
Sobre Myriam Rawick: Myriam Rawick começou a escrever em seu diário aos oito anos de idade. Seus registros sobre a Guerra da Síria compreendem o período entre novembro de 2011 e dezembro de 2016. Refugiada em sua própria cidade, Myriam viu seu lar ser devastado e conta como Alepo, uma das cidades mais antigas do mundo, foi destruída num piscar de olhos. Desde o fim das hostilidades em sua cidade natal, Myriam voltou para lá apenas uma vez. Ainda assim, algumas coisas continuam iguais: ela segue escrevendo sobre sua vida em seu diário.
Sobre Philippe Lobjois: Philippe Lobjois é um repórter de guerra francês e autor de diversos livros. Estudou ciências políticas em Paris e já cobriu o Conflito Karen, a Guerra do Kosovo e a Guerra do Afeganistão. Quando a Guerra da Síria eclodiu, ele decidiu ir até a cidade de Alepo, onde descobriu a história de Myriam. Após um mês vendo de perto o caos provocado pela guerra, ele conseguiu localizá-la e, juntos, trabalharam para revelar sua história ao mundo.

Sobre a editora DarkSide® Books: Primeira editora brasileira especializada no universo do terror e da fantasia, a DarkSide® Books nasceu em um 31 de outubro, Dia das Bruxas, em 2012. Hoje, com cinco anos de vida, já mobiliza mais de 1 milhão de fãs nas redes sociais, a maioria deles leitores que colecionam seus títulos – edições sempre caprichadas e em capa dura.
Sobre a linha Crânio: Crânio — a nova linha editorial de não ficção da DarkSide® Books — estimula o leitor a entender e questionar o mundo que estamos construindo. Após desenterrar clássicos inesquecíveis e revelar novos fenômenos da literatura dark, a 1ª editora brasileira inteiramente dedicada ao terror e à fantasia amplia seus horizontes. O objetivo é trilhar novos caminhos, mostrando que ciência, inovação, história e filosofia podem ser tão surpreendentes quanto a mais criativa obra de ficção. Aqui tudo é real. E ainda assim, fantástico e muitas vezes assustador. Assuntos delicados e surpreendentes são tratados com o respeito que merecem, com uma linguagem que aproxima o leitor. Devorar um título da série Crânio é aceitar um convite à reflexão do agora. O compromisso da linha editorial Crânio é publicar material minuciosamente selecionado. Livros assinados por especialistas, acadêmicos e pensadores em diversas áreas, dispostos a dividir experiências e pontos de vista transformadores que nos ajudem a entender melhor esse estranho e admirável mundo novo.

O Diário de Myriam
Autor: Myriam Rawick/ Philippe Lobjois
Ano: 2018
Páginas: 320
Editora: DarkSide
Classificação 5/5
Livro cedido pela editora
Adicione no Skoob
Para comprar: Amazon

Comentários

  1. Ainda não tinha ouvido falar desse livro e entrou na lista de leitura imediatamente porque tem duas características que eu gosto muito: a temática de guerra e o fato de ser uma diário. A comparação com O Diário de Anne Frank é mais um ponto favorável, porque trata-se de um do meus livros preferidos. A capa também é linda, o que não é surpresa porque as edições da Darkside são impecáveis. Adorei a indicação!

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  2. Ai, estou tão ansiosa para ter esse livro em mãos. Já era para ele ter chegado aqui, mas os correios sempre se atrasam :p a edição deve estar realmente linda!
    Nunca li O Diário de Anne Frank, mas pretendo, pois sei do peso que aquele livro tem para o mundo, e, pelo que estou vendo, esse livro também pode vir a se tornar um clássico. Toda a movimentação que a editora está fazendo por ele é incrível. Histórias assim realmente merecem ser ouvidas!
    Adorei a resenha <3 beijos.

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  3. A DarkSide sempre arrasa mesmo e a edição desse livro está lindíssima. Tá na minha lista e agora fiquei com mais vontade ainda de ler.
    Já vi que vou me emocionar!

    bjs

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